quarta-feira, 24 de novembro de 2010

VIOLÊNCIA? QUAL DELAS?

Há alguns minutos atrás, li um comentário que me deixou triste demais...
Acredito que muitas pessoas devem ter este mesmo pensamento, mas escondem.

Comentário:
"Nada disso estaria acontecendo se, há alguns anos atrás, tivessem jogado uma bomba nessas merdas desses morros"

Bem...rs. Quando vi isso, eu tive vontade de quebrar alguma coisa...rs.

Poderia começar o meu discurso aqui. Como fiz, no impulso de tentar fazer alguma coisa contra essa fala.
Mas não quero entrar de novo nisso, falar tudo o que falei. Tentar enfiar uma coisa na cabeça de alguém, mais uma vez.
Pra mim, a questão é a seguinte: como contribuir pra que a juventude não nutra esse tipo de revolta SEM ARGUMENTO?
Simples: não há argumento.

Já disseram, há muito tempo atrás, que o povo seria destruído por falta de conhecimento. Parece até que quem disse, sabia do que aconteceria mais tarde...

Eu ouvi isso de alguém com seus 18 anos. Classe média. Estudante. A vida está começando agora e já está assim?É triste ver como um cara novo, com acesso à informação, estudo, pode ter uma concepção dessas. O colégio particular não faz debate? Palestra? Não ensinam mais sobre cidadania e respeito, nas escolas?
Vim da favela, sei do que estou falando. Estudei no mesmo colégio, sei do que estou falando...tinha palestra sim.
Conheço desde uns 9, 10 anos...conheço a família. Família digna, e de respeito.
Precisa de mais o que pra aprender?
Uma boa criação, oportunidades de estudo que muitos favelados queriam ter, mesada, carro liberado...

Poxa!

Tem gente querendo que os bandidos que estão praticando os arrastões ou queimando carros, sejam mortos. E muita gente tem esse desejo, de vez em quando; uns mais...outros menos. Quando somos assaltados, é possivel até xingar, sentir ódio...mas a gente aprende. Aprende que nada justifica a intenção de um ladrão, nem o nosso ódio, a falta de respeito.


Sinceramente, não sei o que esperar das próximas gerações. Por enquanto, só espero uma geração mais corrompida que a de hoje.
Pra mim, este problema é maior que prostituição, fome, tráfico de drogas... É a miséria da alma.


Estou farta de violência. E esta é bem diferente da marginalização dos favelados, trabalhadores e moradores da favela.
A violência que me enoja é a violência à humanidade. Que iguala o rico e o pobre, o negro e o branco, o imoral e o moral, a ignorância de um bandido que queima ônibus e de um menino de 18 anos que não sabe o que fala.

É com essa violência que você precisa estar mais preocupado, leitor.

3 comentários:

  1. É.. realmente não sei se há uma solução mundana para esta geração. As autoridades tem agido irresponsavelmente, inconsequentemente há anos. Estamos colhendo os frutos, minha cara...
    bjs

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  2. A juventude que não sabe o que fala é a mesma ignorante do processo social em que estamos inseridos. Daí, não sei se debates resolveriam. Ajudam, com certeza. Mas um pensamento reflexivo precisa ser construído ao longo de nossa formação acadêmica e social. Só conhecimento e informação não resolvem. E infelizmente, não é isso que vemos por aí. As pessoas (normalmente) só repetem o que ouvem e acham legal. Não julgam, não criticam, não questionam, não pesquisam, não buscam outras opiniões. É a maneira mais fácil e rápida de dizer que se está inteirado de certo assunto. E isto é bom para o nosso Estado de Direito Democrático. O (retro)alimenta. Mantém o circo de pé.
    O que fazer pra mudar isto? Educação. Bem feita. Bem construída. A culpa é do Estado. A culpa é nossa.
    Belo artigo.
    Parabéns!

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  3. Isso ai, o que mais o ser pensante precisa na vida é justamente pensar. O que por muitas não faz. Por diversas circunstâncias que o levam a se alienar. O sistema é cruel, alienou a sociedade, pra criar o seu império, mas agora não sabe mais como controlar esse monstro que criou. Acha que pode vence-lo pela força bélica, quando que na verdade a maior força que existe está na palavra. Onde se encontra sabedoria no agir, no falar, dentre outros benefícios que ela trás.
    Enfim, vamos tentar espalhar um pouco de amor pro nosso próximo, e quem sabe assim, como numa reação em cadeia isso alcance os mesmos alvos que a nossa polícia tenta atingir.

    Mandinha, belo texto. Beijo do Nego.

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